A extinção da EMTU depois de 40 anos marca uma das transformações mais profundas já vistas no transporte metropolitano de São Paulo.

Criada para organizar e fiscalizar os ônibus intermunicipais nas principais regiões paulistas, a empresa encerra oficialmente sua atuação após decisão do governo estadual, que optou por transferir suas funções para a recém-criada Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI).

Durante quatro décadas, a EMTU se tornou peça-chave na gestão das linhas entre cidades, no acompanhamento de contratos e na fiscalização de serviços.

Seu fim simboliza a abertura de uma nova fase de reorganização administrativa, na tentativa de tornar o transporte público mais integrado, moderno e alinhado aos demais modais que agora ficam sob responsabilidade direta da SPI.

O que muda com a extinção da EMTU

O encerramento das atividades da EMTU afeta diretamente quem usa ônibus intermunicipais, além das empresas que operam as linhas e dos funcionários da antiga autarquia.

O governo afirma que os serviços continuam funcionando normalmente, com os contratos mantidos até o fim da validade, enquanto a SPI assume o planejamento, a fiscalização e a negociação das concessões.

A promessa é reduzir custos administrativos e evitar a duplicidade de funções dentro do próprio governo.

Mesmo assim, especialistas alertam para a importância de preservar o conhecimento técnico acumulado pela EMTU ao longo de décadas — um patrimônio que não pode simplesmente se perder no meio da reestruturação.

Desafios para a mobilidade metropolitana

A mudança de comando traz uma série de desafios inéditos para o transporte metropolitano paulista. Empresas permissionárias, consórcios e usuários agora dependem da capacidade da SPI de manter padrões de qualidade, fiscalização e transparência que já eram estabelecidos pela EMTU.

Todo o banco de dados, relatórios e mecanismos de controle precisam ser absorvidos pela nova estrutura sem comprometer o que já vinha funcionando.

Com o fim da EMTU, cresce também a preocupação com a fluidez do diálogo entre governo, municípios e operadores.

A nova proposta aposta em plataformas digitais e modelos de parceria que prometem modernizar o sistema, mas é essencial que essa transição não prejudique a frequência, a qualidade e a confiabilidade das linhas metropolitanas.

O legado de quatro décadas da EMTU

A EMTU deixa como marca importantes avanços, como a padronização tarifária, o planejamento de corredores exclusivos e a implantação de terminais integrados.

Seu papel foi decisivo na construção de políticas públicas de mobilidade para regiões como Grande São Paulo, Campinas, Sorocaba, Baixada Santista e Vale do Paraíba.

Sua extinção representa mais que o fim de uma instituição: simboliza o encerramento de um modelo de gestão baseado em planejamento contínuo, fiscalização ativa e diálogo com sociedade civil e operadores.

Guardar as boas práticas desenvolvidas pela EMTU é fundamental para garantir a qualidade do transporte regional daqui para frente.

Perspectivas para o futuro do transporte intermunicipal

O governo apresenta a extinção como parte de um esforço para modernizar os transportes metropolitanos, com foco em digitalização e eficiência.

A SPI agora tem a missão de implementar ferramentas de monitoramento em tempo real, ampliar a integração entre sistemas e aproximar São Paulo de modelos globais de mobilidade inteligente.

Mas essa modernização precisa caminhar junto com transparência e participação social, para que os avanços tecnológicos realmente se traduzam em melhorias para quem depende do transporte todos os dias.

O grande desafio será equilibrar eficiência econômica com os direitos e conquistas acumulados ao longo dos 40 anos de experiência da EMTU.